Trabalhar de casa se tornou uma alternativa para evitar a propagação do vírus, mas será que empresas e funcionários estão preparados?
Com a crescente de casos confirmados do novo coronavírus (Covid-19) no Brasil, a recomendação é evitar aglomerações e tentar diminuir as chances de contágio. Diante disso, muitas empresas liberaram seus funcionários para fazer home office. Esta modalidade de trabalho já era bastante utilizada antes da pandemia, principalmente por empresas que lidam com tecnologia e comunicações, mas, agora, ela se tornou uma alternativa para empresas dos mais diversos setores. O objetivo é proteger os colaboradores e evitar a propagação do vírus.
A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) determina que o trabalho remoto deve partir de mútuo acordo entre empregador e empregado. No entanto, quando se trata de condições de saúde, é obrigação do empregador proporcionar um ambiente saudável para o empregado. Sendo assim, o home office oferece condições mais seguras. Nessa situação, o trabalhador tem alguns direitos e deveres.
É um dever do empregado cumprir as tarefas solicitadas e executar sua carga horária contratada, já que se trata apenas de uma mudança de local. Da mesma forma, a empresa não pode exigir que o mesmo trabalhe mais horas de seu contrato. Também é importante cumprir os momentos de pausa, como o horário de almoço. Caso o funcionário não disponha dos equipamentos necessários para trabalhar em home office, é responsabilidade da empresa fornecê-los. Sendo assim, o funcionário deve cuidar deles como se estivesse no ambiente de trabalho.
Os trabalhadores que estão exercendo sua profissão remotamente devem organizar sua rotina e adaptar o novo ambiente de trabalho, de forma que ofereça boas condições de concentração e disponha também dos recursos e espaço necessários, por exemplo. Em contrapartida, há funcionários que não têm essa possibilidade. Assim, as empresas devem oferecer condições de saúde e higiene, como lavatório com água, sabão e álcool em gel. Outra medida de segurança possível é a flexibilidade de jornada, especialmente para trabalhadores com familiares doentes.
Com a necessidade de uma adaptação rápida, os empregadores devem ficar atentos para a estrutura tecnológica que a empresa oferece ao funcionário, seja equipamentos adequados ou até mesmo o acesso à internet no domicílio. É viável para todos realizarem o trabalho de casa? É papel da empresa e dos gestores mapear possíveis dificuldades.
Depois, combinar com o time a melhor estratégia para comunicação, pensando em canais que supram todas as necessidades de trabalho. Muitos utilizam Skype, Slack, Zoom, Google Hangouts ou mesmo o WhatsApp para manter o contato. É melhor combinar de acordo com o perfil dos funcionários, evitando a dificuldade de se adaptar a uma tecnologia desconhecida.
Se possível, priorizar as vídeo chamadas e vídeo conferências para reuniões. Sem ver a expressão dos outros, muitos podem confundir a intenção das falas, o que gera ruídos na comunicação e desentendimentos.
A liderança deve dar o tom de como será a operação remota, combinando os detalhes e ouvindo os incômodos que surgem com o choque cultural. Um cuidado especial é com a cobrança e com a administração de tempo: estar mais tempo online não significa que a equipe está mais presente ou produtiva. A dica é combinar entregas periódicas, seja no dia ou na semana, para cada time.
Fazer breves reuniões para começar e finalizar o dia pode ser útil para a equipe ficar atualizada do contexto geral e tirar a sensação de isolamento. A medida também ajuda como aviso para marcar o fim do expediente, mostrando que não será cobrada uma resposta por mensagem ou e-mail do funcionário após certo horário.
Mesmo em casa, é importante tirar o pijama e se arrumar como se fosse para o escritório. Claro, não precisa colocar terno e gravata ou jeans e tênis, mas é bom estar arrumado para o dia e para uma eventual vídeoconferência. A prática também ajuda a manter a confiança e evita a preguiça.
Não esqueça de cuidar da qualidade de vida. Reserve momentos na agenda para levantar da mesa, caminhar pela casa, se alimentar e beber água. O ambiente sem interrupções facilita na concentração, então é necessário se atentar ao tempo de parada, que pode acabar negligenciado.
Saiba qual o seu pico de produtividade e qual a melhor dinâmica de trabalho. Algumas pessoas são mais produtivas de manhã e quando interagem com colegas. Outros preferem a tarde, ouvindo música e sem falar com ninguém. A flexibilidade do home office permite que o profissional entenda como é seu ideal de trabalho.
Qualquer processo de mudança no trabalho exige um tempo para adaptação e terá desafios inesperados. No caso atual, preocupações com a saúde e o cenário incerto prejudicam a todos. Assim, é importante manter um canal aberto para comunicar e sanar dúvidas sobre medidas que passem segurança aos funcionários sobre a evolução da pandemia, o modelo de trabalho remoto, as expectativas de produtividade e eventuais conflitos.